sexta-feira, março 30, 2007


"Vão vagos pela estrada,

Cantando sem razão

A última esp’rança dada

À última ilusão.

Não significam nada.

Mimos e bobos são.
Vão juntos e diversos

Sob um luar de ver,

Em que sonhos imersos

Nem saberão dizer,

E cantam aqueles versos

Que lembram sem querer.
Pajens de um morto mito,

Tão líricos! Tão sós!,

Não têm na voz um grito,

Mal têm a própria voz;

E ignora-os o infinito

Que nos ignora a nós."


@Fernando Pessoa