quinta-feira, maio 18, 2006


"Só tu a cada instante nos declaras que renegas a voz de quem divide
Que a única verdade é haver almas terrível impostura haver países
Que tanto tens das aves o desgarre como o expectante frémito do tigre tanto o céu indiviso que há nas águas quanto o múltiplo fogo que há no trigo.
Que és igual e diversa em toda a parte
Que és do próprio Universo o que o sublima
Que nasces que te apagas que renascesem procura da límpida medida
Que reges o mais puro e o mais alto
do que Deus concedeu às nossas vidas."
David Mourão Ferreira
Ode à Música

terça-feira, maio 09, 2006








Só.O quarto escuro onde me escondo.
Redondo espaço onde o verbo e o cansaço se deixam dominar.
dedo apontado ao infinito e a janela, aberta que faz entrar
o chão e a visão deste luar.
Há momentos em que danço,
louco, e avanço pouco a pouco
pelo sono que se espanta e
me traz a liberdade.
Desenho no ar a fragância
fresca do metal, e deixo que o ouro
me toque a pele para se perder
entre o certo e o banal.
Quanto pó repousa entre ti e a saudade!
Quanta espuma se faz rocha
enquanto o grito, aflito,não salta
longo da sirene de cristal. Apago
a luz e volta a claridade.
Finalmente, a lua que torna meiga ao
regaço, e dorme nua no meigo
aperto dum abraço."

P.Abrunhosa.

sexta-feira, maio 05, 2006


"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."

Pablo Neruda